Os avarentos não crêem numa vida futura, o presente é tudo para eles. Essa reflexão lança uma luz horrível sobre a época atual, onde, mais que em qualquer outro tempo, o dinheiro domina as leis, a política e os costumes. Instituições, livros, homens e doutrinas, tudo conspira para minar a crença numa vida futura, sobre a qual se apóia o edifício social há 1800 anos. Hoje em dia, o esquife é uma transição pouco temida. O futuro, que nos esperava para além do réquiem, transportou-se para o presente. Chegar per faz et nefas* ao paraíso terrestre do luxo e dos prazeres vãos, petrificar o coração e macerar o corpo em busca de posses passageiras, outrora se sofria o martírio da vida em busca de bens eternos, eis a idéia geral! Idéia aliás inscrita por toda parte, até nas leis, que perguntam ao legislador: “Que pagas?”, ao invés de: “Que pensas?” quando essa doutrina tiver passado da burguesia ao povo, que será do país?
*Pelo lícito e pelo ilícito (N. do T.)
Trecho de Eungênia Grandet de Honoré de Balzac
Fulvio Machado Faria
primoroso texto jovem escriba... verdades... tristes verdades...
ResponderExcluirbelo texto concordo plenamente! é nois abraço
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