Parece que as necessidades estão indo mundo afora sem mim. Enquanto fico só, ela corre por todo o mundo atrás de bons corações. Não sou um bom coração, porque a necessidade daqui saiu não deixando nenhum rastro moral. Vejo-a batendo nos remotos amigos, e fico a espera que ela venha também a mim. Que venha, pois! Que venha a necessidade e derrame seu fecundo partidarismo sobre mim, pois estou descorado e sem vida.
Antes das cores havia o branco, e quando a necessidade apareceu, veio o rosa e o vermelho para enaltecer as paixões, o verde para pintar as matas e as florestas, o azul para diferenciar o infinito céu e o infinito mar, o amarelo e o abobora para adornar os objetos e tingir o homem europeu, o marrom para ficar na terra. E sem a necessidade tudo volta como antes: um mundo em branco.
Fulvio Machado Faria
Fulvio Machado Faria
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