Palavra do Dia por Priberam

sexta-feira, 2 de maio de 2014

"Era quinta-feira à noite em Brasília. Caiu um temporal. Nossas "camas" estavam abrigadas abaixo de uma cobertura. Só que o temporal não perdoou e alagou mesmo assim todo o chão por debaixo da cobertura. Eu estava mais tranquilo porque meu colchão estava dentro de uma barraca com solo impermeável. Mas, os companheiros na sua maioria estavam com os colchões diretos no chão, molhando assim a cama deles. Quando cheguei à minha barraca e vi aquela situação, comecei a ajudar de alguma forma os companheiros. Estava sem luz e o breu dominava. A dificuldade de eles passarem uma lona por debaixo dos colchões era maior por conta disso. Entrei na minha barraca e peguei minha lanterna e iluminei para eles para economizarem tempo. Na minha função candelabro, veio uma criança até mim e me perguntou: Tio, você já virou peixe? Respondi perguntando: Ainda não, mas tô quase virando um. E você? – Eu já virei peixe. E saiu correndo rindo. Depois ela voltou e me perguntou novamente rindo: Tio, você já virou peixe? Respondi novamente: Ainda não. Eu tô quase virando um. E saiu correndo de novo e rindo.

Acho que isso resume para mim tudo o que aconteceu no 6º Congresso Nacional do MST. Eles são companheiros, são fraternos, são felizes. Fizeram do congresso uma lição, uma forma de encontrar os companheiros de outras regiões, trocar conhecimentos, felicidades e infelicidades. Mostraram na marcha o vigor do movimento.

Na situação dos colchões molhados, em que a maioria estava com eles molhados, não houve queixas, lidaram com a situação e deram um jeito, sem muito estresse e euforia.

O congresso me deu esperança e força para continuar na luta. São muitas as derrotas, mas as lutas devem permanecer, como aquela criança, virei um peixe.
"

Fulvio Machado Faria

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