Alguns amigos me questionaram: porque não fui manifestação do
dia 15 de março? Em junho de 2013 manifestou? Cadê o espírito jovem? Cadê
aquele que manifestou? Foi cooptado pelos PTralhas?
Bom! Amigos. Antes de qualquer resposta. Quero que entenda
que respeito a manifestação e a expressão dos que se manifestaram no dia 15,
com exceção daqueles que fizeram apologia à violência, ódio e exclusão.
Começo.
Aprendi um dia que para mudarmos a sociedade é preciso se
indignar. Mas não basta se indignar. É preciso refletir sobre aquilo que se
está indignado. Depois de muito refletir. É necessário encontrar uma ação que
produza resultados para resolver minha indignação. E que precisamos estar
mobilizados e organizados para que este processo seja eficiente.
Em toda a minha vida fui indignado com o trato da coisa
pública. Do modo como as instituições politicas são formuladas e postas. Do modo
como o poder econômico de poucos orienta e controla toda a estrutura
político-jurídica faz subordinar os demais. Do modo como a corrupção se alastra
nesse sistema que a ajuda proliferar. Do modo como servidores públicos estão lá
pela remuneração e não para servir ao povo, e não trabalham. Do modo como são precários
os nossos serviços públicos. E por aí se vai. A pauta é extensa e difusa.
Em junho de 2013 a pauta era o transporte público. Eu já estava
indignado. Quando surtiu o epicentro-MPL e as pessoas da minha cidade estavam
dispostas a se organizar, passamos a refletir sobre nossa indignação em relação
ao transporte público de nossa cidade. E encontramos uma ação, uma pauta que
produziria resultado: fazer o executivo reconhecer nos valores das tarifas as desonerações
da época sobre PIS e COFINS.
Quando fomos às ruas naquela época já estávamos indignados,
fomos às ruas para uma ação contundente, para realmente mudar algo, mesmo que
pequeno.
Não fui às ruas no último domingo, meus amigos, pois
indignado já estou com a realidade brasileira. E vi nas ruas, modo geral, as
pessoas somente mostrando suas indignações, mas, nenhum tipo de reflexão e
sequer ação contundente. Estou disposto a mudar o Brasil. Mas precisamos
entendê-lo a fundo para encontrarmos as soluções-ações para mudá-lo. Não espere
vir a reflexão e a solução daqueles que estão no poder. Se não nos
organizarmos, infelizmente, não mudaremos nada. Estou refletindo os problemas
do Brasil e digo: o Brasil é complexo e não se resolve com um dia de indignação.
Pode-se começar com a reforma política. Pode-se começar estudando nossa história
econômico-social como país. Mas não adianta parar sua mobilização no choro e
nele permanecer.
Um salve ao Paulo Freire (e não um basta)!
.Fulvio Machado Faria
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