Palavra do Dia por Priberam

segunda-feira, 16 de março de 2015

Um salve ao Paulo Freire

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Alguns amigos me questionaram: porque não fui manifestação do dia 15 de março? Em junho de 2013 manifestou? Cadê o espírito jovem? Cadê aquele que manifestou? Foi cooptado pelos PTralhas?

Bom! Amigos. Antes de qualquer resposta. Quero que entenda que respeito a manifestação e a expressão dos que se manifestaram no dia 15, com exceção daqueles que fizeram apologia à violência, ódio e exclusão.  

Começo.

Aprendi um dia que para mudarmos a sociedade é preciso se indignar. Mas não basta se indignar. É preciso refletir sobre aquilo que se está indignado. Depois de muito refletir. É necessário encontrar uma ação que produza resultados para resolver minha indignação. E que precisamos estar mobilizados e organizados para que este processo seja eficiente.

Em toda a minha vida fui indignado com o trato da coisa pública. Do modo como as instituições politicas são formuladas e postas. Do modo como o poder econômico de poucos orienta e controla toda a estrutura político-jurídica faz subordinar os demais. Do modo como a corrupção se alastra nesse sistema que a ajuda proliferar. Do modo como servidores públicos estão lá pela remuneração e não para servir ao povo, e não trabalham. Do modo como são precários os nossos serviços públicos. E por aí se vai. A pauta é extensa e difusa.

Em junho de 2013 a pauta era o transporte público. Eu já estava indignado. Quando surtiu o epicentro-MPL e as pessoas da minha cidade estavam dispostas a se organizar, passamos a refletir sobre nossa indignação em relação ao transporte público de nossa cidade. E encontramos uma ação, uma pauta que produziria resultado: fazer o executivo reconhecer nos valores das tarifas as desonerações da época sobre PIS e COFINS.

Quando fomos às ruas naquela época já estávamos indignados, fomos às ruas para uma ação contundente, para realmente mudar algo, mesmo que pequeno.

Não fui às ruas no último domingo, meus amigos, pois indignado já estou com a realidade brasileira. E vi nas ruas, modo geral, as pessoas somente mostrando suas indignações, mas, nenhum tipo de reflexão e sequer ação contundente. Estou disposto a mudar o Brasil. Mas precisamos entendê-lo a fundo para encontrarmos as soluções-ações para mudá-lo. Não espere vir a reflexão e a solução daqueles que estão no poder. Se não nos organizarmos, infelizmente, não mudaremos nada. Estou refletindo os problemas do Brasil e digo: o Brasil é complexo e não se resolve com um dia de indignação. Pode-se começar com a reforma política. Pode-se começar estudando nossa história econômico-social como país. Mas não adianta parar sua mobilização no choro e nele permanecer.

Um salve ao Paulo Freire (e não um basta)!
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Fulvio Machado Faria

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